terça-feira, outubro 12, 2004

A propósito de um discurso de Santana Lopes feito com o propósito de confortar a alma dos eleitores.

Gostaram do discurso do Primeiro Ministro, em que nos pede para que o oiçamos a ele e não o "ruído" (dos outros...) ?
E de que forma procurou o PM nos convencer? Demonstrando-nos que devemos estar muito contentes com ele, porque nos vai encher de felicidade e bem estar.

Eu cá não gosto de discursos em que nos procuram convencer a ficar contentes. Parece que o Padre António Vieira também não gostava:

"Enfim, para que os pregadores saibam como hão-de pregar e os ouvintes a quem hão-de ouvir, acabo com um exemplo do nosso Reino, e quase dos nossos tempos. Pregavam em Coimbra dois pregadores, ambos bem conhecidos por seus escritos. Altercou-se entre alguns doutores da Universidade, qual dos dois fosse maior pregador; e como não há juízo sem inclinação, uns dizem este, outros aquele. Mas, um lente, que entre os mais tinha maior autoridade, concluiu desta maneira: «entre dois sujeitos tão grandes não me atrevo a interpor juízo; só direi uma diferença, que sempre experimento: quando ouço um, saio do sermão muito contente do pregador; quando ouço outro saio muito descontente de mim.» ... Eis aqui o que devemos pretender dos nossos sermões: não que os homens saiam contentes de nós, mas que saiam descontentes de si" .

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