quarta-feira, dezembro 02, 2009

Um país não é uma empresa

Alguns jovens gestores, amantes da eficácia na acção, olham para o país como se de uma empresa se tratasse e apresentam várias soluções para Portugal. Obviamente esquecem-se de que Potugal não é uma empresa.
Carrapatoso sabe gerir a Vodafone. Mas quando propõe que se apliquem ao país os mesmos conceitos de gestão que aplica na empresa está a ser perigosamente simplista.
É certo que há receitas e custos numa empresa, assim como os há num país. Mas geri-los na empresa é uma coisa no país é outra.
Na empresa, aumentar receitas significa aumentar vendas, aumentando a oferta de produtos e serviços, ganhando mercado à concorrência, fazendo "cross-selling", etc etc. Estas actividades contam com a adesão dos colaboradores da empresa - pelo menos daqueles que se sentem mais motivados.
No país, aumentar receitas significa, aumentar impostos. E os "colaboradores" naturalmente opõem-se! Ferozmente! Com o apoio "patriótico" de todas as oposições!
Reduzir custos na empresa, significa melhorar a eficiência na utilização dos recursos, e em casos extremos, reduzir o efectivo. Se em parte, a gestão pode contar com o apoio dos colaboradores, quando se trata de reduzir o efectivo o caso fia mais fino, mas a eficácia da oposição é limitada, mesmo com os sindicatos a berrarem e os tele-jornais a entrevistarem os colaboradores em risco de perderem os postos de trabalho.
No país, reduzir as despesas do Estado é cortar os célebres "direitos", reduzir apoios sociais, diminuir o número de funcionários públicos, fechar escolas e hospitais, etc. Tudo coisas que os "colaboradores" farão o possível por boicotar. Nalguns casos com razão, noutras não!
Na empresa, a "oposição" não existe organizada, não tem o apoio dos media pouco sérios.
A capacidade de um governo realizar mudanças enfrenta vários constrangimentos que não existem na empresa.
Um pouco mais de humildade não ficaria mal ao jovem gestor.

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